Outubro 2021

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130.00

Giclée | Edição limitada | 150 unidades
Hahnemuhle Studio Enhanced Matte 210g
Mancha: 39 x 28,5 cm

Mbiji Ya Kalunga

Um conto sobre 4 peixes da Baía de Luanda.
Num passado muito remoto, e durante tempos quase infinitos para a escala humana na Terra foram-se desenvolvendo muitos sistemas e seres vivos. Foi uma fase de criação que gerou uma riqueza extraordinária, de incalculável valor, vulgarmente denominada Biodiversidade. O Homem nasceu também desse processo e dele sempre fez parte.

Erika Jâmece

Descrição

Mbiji Ya Kalunga

Um conto sobre 4 peixes da Baía de Luanda

Num passado muito remoto, e durante tempos quase infinitos para a escala humana na Terra foram-se desenvolvendo muitos sistemas e seres vivos. Foi uma fase de criação que gerou uma riqueza extraordinária, de incalculável valor, vulgarmente denominada Biodiversidade. O Homem nasceu também desse processo e dele sempre fez parte.
Esta é a história de quatro amigos peixes que escolheram a baía de Luanda para passar as férias merecidas, com direito a várias acrobacias durante os dias de sol ardente, quando a água ficava mais quentinha. Porém a verdade pura e crua, não eram férias. Estavam escondidos.

Lambula, que se assemelhava à sardinha, era o líder dos quatro. Era ele que tomava as decisões todas, depois de ouvir os outros, é claro. Havia alguma democracia. Os outros chamavam-se Kimbumbu, Mandionga e Macoa. Estes dois últimos eram tão parecidos que se poderia dizer que eram gémeos, algo raro.

“Peixes gémeos, nunca tinha visto”, – Dizia Lambula, muitas vezes durante a semana, sobretudo quando se tratava de escolher um deles para uma tarefa especifica, como por exemplo ficar de guarda, enquanto os demais dormiam ou descansavam de longas jornadas de exploração dos quatro cantos da baía de Luanda.Na verdade, esses quatro peixinhos coloridos, faziam parte de um cardume que ,no alto mar tinham escapado ilesos das redes de navios arrastões, que sulcam ainda hoje o Atlântico a sul da linha equatorial, sem controlo possível das autoridades costeiras naquelas léguas que se perdem no horizonte.

Eles sabiam que à qualquer altura poderiam ser surpreendidos pelos jovens pescadores que das suas chatas, pequenas embarcações artesanais, lançariam as suas redes capturadoras e, assim, dessa forma, acabariam depois grelhados, fritos ou cozidos nalguma cozinha dos habitantes da ilha, donde partiam todos os dias esses “pequenos humanos predadores”, que ali ensaiavam a vida de pescadores, tal como os seus pais os Axiluanda, o haviam feito.

Os peixinhos divertiam-se durante o dia, mas viviam o drama de ter perdido todos os seus parentes do cardume que tinha milhares e milhares de amigos, que se davam ao luxo de ter o Atlântico sul todo ao seu dispor para correr, brincar, saltar, ensaiar pinos acrobáticos, enfim um oceano de liberdade, que durou pouco tempo.

“Éramos felizes e não sabíamos”.
Vivíamos em plena liberdade.
O mar não tinha canto. Era todo nosso.Agora o Atlântico é apenas nosso cântico de sobrevivência. …

Todas as manhãs os quatro amigos peixes sobreviventes dos arrastões repetiam a estrofe de um longo poema, que o peixinho Kimbumbu escrevera nos corais . Depois começavam a jornada da brincaria, mas sempre atentos ao movimento das canoas dos pequenos pescadores.

Mbiji – Da língua Kimbundu, falada em Luanda, Angola, significa Peixes.Kalunga – Da língua Kimbundu, falada em Luanda, Angola, significa Mar.

Erika Jâmece

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